Nesta quarta-feira, apresentamos a primeira entrevistada do blog do Grupo de pesquisa de Comunicação Internacional: Professora Doutora Rosana Ravache, formada em Relações Públicas e também em Serviço Social, que atua como professora no Univag e que tem como áreas de atuação no ensino: Antropologia, Filosofia, Geografia, Geopolítica e Urbanidade, Movimentos Sociais, Terceiro Setor e Políticas Públicas, Sociologia das Relações Internacionais e, Teoria Política.
Rosana conta que atuou como relações públicas ligada ao tema internacional principalmente na Embratur – Empresa Brasileira de Turismo, ligada ao Ministério de Indústria e Comércio que, até ser criado o Ministério do Turismo, respondia pelas ações de turismo no Brasil e no exterior. Nesta função, além de organizar e montar as principais feiras de turismo no Brasil e no exterior, recepcionava e acompanhava jornalistas e autoridades convidados pelo governo brasileiro em viagens de reportagens ou negócios pelo Brasil, informando sobre a estrutura dos pontos turísticos enfocados. Esporadicamente, traduzia reuniões e apoiava autoridades federais em visita às feiras ou quando recepcionavam autoridades ou jornalistas e estrangeiras em visita ao Brasil.
Tratando mais especificamente do tema, fizemos algumas perguntas à profissional que são apresentadas à seguir:
Como você vê o tema de RP internacional atualmente?
O tema RP internacional era muito mais debatido enquanto os PR norte-americanos gozavam de mais prestígio. No século XXI, aparentemente, o espaço foi tomado por profissionais formados em geopolítica, ciência política ou relações internacionais, em detrimento dos relações públicas que, de alguma forma, escolheram outras áreas de assessoria como o treinamento de mídia, a montagem de releases, ou atuar como porta voz de empresas. Isto quando consegue trabalhar como profissional de relações públicas. Perdemos muito espaço, talvez por falha nossa mesmo, por falta de mais interesse em ocupar os espaços que estavam abertos entre as décadas de 1970 e 1990. Quando o Conselho Federal se viu órfão de alguns reivindicadores de direitos para a classe, parece que todos os profissionais de RP estagnaram e permitiram o estreitamento do próprio espaço.
Porque você acha que o tema merece atenção?
Porque a forma de abordagem de um RP é diferente da forma de abordagem que um RI, por exemplo. Enquanto o RP engloba o foco de sua atenção de forma cultural, o RI tem tendência a englobar este mesmo foco de forma econômica. Para o RP este seria um segundo olhar. Já para o RI o cultural seria O segundo olhar. O RP é mais detalhista, mais minucioso e, não raramente, mais sutil e extremamente observador, por conta do olhar cultural que permeia a sua formação acadêmica.
Como você vê a indústria de Relações Públicas no mundo?
Como já disse Henri Kissinger, em outro contexto, não adianta colocar a passeata na rua, sem organizar o que se deseja reivindicar, sem saber quais atitudes serão tomadas, independente do resultado dela. O fato de alcançar sucesso ou não na empreitada que demandou a passeata precisa ter preparada a próxima ação. Este tem sido o problema das relações públicas no mundo. A esmagadora maioria está apagando incêndio em nome de alguém que não quer ou não quis se posicionar em determinada situação. O que tem acontecido é uma sucessão de meias verdades arrumadas em discursos bem elaborados, cheios de referências de peso, mas com pouco conteúdo causal. Usando uma expressão bem popular, o que o mundo tem produzido, em termos de relações públicas internacionais, é só “café requentado”.
Você acredita que o RP tem o reconhecimento que merece no Brasil? e nos demais países?
No Brasil, se ensaiaram algumas ações consistentes nas empresas públicas federais e em algumas empresas multinacionais que se instalavam no Brasil entre 1980 e 1990. O McDonalds é uma destas empresas. Contratou a fantástica Vera Giangrande para iniciar, via trabalho de RP de altíssima qualidade, a atuação da empresa no mercado brasileiro. Lamentavelmente, são poucas as empresas brasileiras que hoje mantêm uma equipe de RP em seus quadros. Quando utilizam os serviços de RP, é comum contratarem empresas especializadas, visando quase sempre preparar seus executivos atender a imprensa. Além desta atividade, o RP é comumente contratado para assessorar empresas que precisam consertar algum estrago causado por executivos ou para solucionar problemas apresentados em produtos junto a públicos específicos.
Agradecemos a participação de Rosana nesse espaço, para mais informações entre em contato: grupodepesquisainternacional@gmail.com
Fonte: Grupo de Pesquisa
Fonte: Grupo de Pesquisa